domingo, 23 de agosto de 2009

Identidade, diferença e escola inclusiva

O professor Tomaz Tadeu, inicialmente, apresenta a idéia de que em termos de educação e cultura, tem se assumido a existência da diferença, identidade e diversidade cultural; o multiculturalismo vem sendo exaltado nos últimos tempos. No entanto, ele levanta a necessidade de se avaliar o que é compreendido como diferença e identidade.
Para o autor, os conceitos de identidade e diferença possuem mútua relação. Pois, é preciso afirmar a identidade num contexto onde perdura a diferença. Aí, se faz presente, necessariamente, a relação do eu com o outro. O autor também recupera a dimensão social inerente a afirmação da identidade e diferença, como algo que expressa relações de poder. Dessa forma é que se formam as oposições binárias, onde um grupo se eleva e outro é automaticamente rebaixado, trata-se de grupos que se encontram dimensionados de forma assimétrica, o que produz hierarquização.
No entanto, o autor também apresenta o movimento que vem a desestabilizar as relações de poder que se colocam sobre a afirmação da identidade, no caso, o processo de hibridização. Este é o que vem a por em cheque a noção de identidade fixa, inalterável e coerente, porque a hibridização evoca a mistura, a interconexão e, a conseqüente, instabilidade. A noção de “terceiro espaço” utilizada nesse texto para indicar esse movimento, me parece muito próxima da idéia de mestiçagem, de lugar mestiço, presente na obra “Filosofia Mestiça”.
Já no momento que o autor indaga sobre como a identidade e a diferença, expressas de forma contraditória, instável, inconsciente, ou seja, como algo que se constrói de maneira dinâmica, podem ser traduzidos em forma de currículo e pedagogia, ele propõe, a meu ver, um exercício emancipatório, que se faz a partir de uma Pedagogia da diferença. Ou seja, através de uma reflexão que questiona a criação de uma identidade cristalizada, as relações de poder a ela relacionada e os mecanismos de desconstrução da mesma. E, de acordo com este pensamento, abordar o multiculturalismo em educação, não promove mudança, pois exclui o caráter de produção social precursores da identidade e da diferença.
A meu ver, parece que o texto da professora Maria Tereza, que tem como mote a escola inclusiva, também dialoga com o texto do professor Tomaz Tadeu, no sentido de se construir uma escola das diferenças, na qual se denuncia o caráter construído e artificial da identidade, um espaço onde se permite o processo de hibridização que evoca a mistura, a instabilidade e a mestiçagem.

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